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terça-feira, 28 de setembro de 2010

Olindaaaaa


Hoje atendi um paciente antigo da casa. Sr. Floriano é uma figura impar do meu ambulatório. Já observei que ele tem audição seletiva, em outras palavras, “escuta o que é conveniente”! E isso sempre causa várias situações engraçadas. Uma delas aconteceu nessa tarde.

O atendimento ao Sr. Floriano já havia sido concluído. Uma prática muito comum no SUS é pedir ao paciente que acabou de ser atendido que anuncie em voz alta o nome do próximo a ser atendido. E isso é feito de forma muito tranqüila já que não temos um funcionário a nossa inteira disposição para organizar esse fluxo de pacientes.

Sr. Floriano já estava deixando o consultório quando olhou em minha direção. Eu acenei me despedindo e disse:

- Chame, por favor, a Olinda.

E para minha surpresa ele disse:

- Obrigado, doutora!!!

E saiu todo feliz e empoldado da sala. Eu não agüentei e fiquei rindo sozinha no consultório. De repente entra a Dona Olinda quase morrendo de rir, porque ela percebeu a confusão do Sr. Floriano. E terminou de trabalhar essa pérola toda na purpurina prata:

- Mas olha só , doutora. O velhinho bem achou que a senhora o chamou de lindo!

E rindo conclui.

- Viu só o que o nome da senhora provocou!

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Coração Valente



Ontem eu recebi mais um presente de Deus.

Era meu segundo paciente do dia, Sr.Gilmar. Um senhor de 70 anos, com uma boa aparência pedindo um minuto da minha atenção para contar uma breve história.

Mesmo bem atrasada com o atendimento do dia fui envolvida imediatamente com a força do olhar daquele senhor. Fiz uma pausa nas buscas pelo cadastro do paciente no computador e escutar as suas palavras era a única coisa que eu conseguia fazer. Aliás, minto... me emocionar também.... e muitooooo!!!!!

- Doutora, eu quero apenas um minuto da sua atenção nessa tarde de hoje. Prometo ser breve. O motivo da minha consulta é agradecer a senhora do fundo do meu coração que já sofreu três infartos.... como a senhora pode observar nas suas anotações ai na minha ficha. Há três meses consultei com a senhora, mas cheguei aqui sentado em uma cadeira de rodas porque havia acabado de sofrer meu terceiro infarto. Eu achava que nunca mais teria forças para levantar da cama. Me lembro, com clareza, da sua atenção e dedicação comigo. Arrumou uma consulta no SUS com um especialista cardiologista na mesma semana, com ajuda da assistente social, solicitando urgência no meu atendimento. E tudo isso de fato aconteceu. Recebi assistência de um excelente profissional cardiologista que retirou da minha lista longa de medicamentos apenas um remédio.... e com esse pequeno gesto me devolveu a vida. Remédio que inclusive foi prescrito em um dos maiores centros de tratamento de doenças do coração do nosso país.... e que eu fazia uso há anos. A Senhora acredita?

Apenas balancei a cabeça em sinal de afirmação.

- Hoje eu posso dizer que nasci novamente. Não sou um garotão de 30 anos, mas consigo fazer muitas atividades dentro das limitações do meu velho coração. E isso tudo eu devo à senhora que deu inicio a todo o processo. Se não fosse seu carinho comigo naquela primeira consulta, o resto não teria acontecido.


Confesso que nesse momento meus olhos ficaram... digamos mais lubrificados que o normal. Risos. Eu me emociono muito com o reconhecimento e a gratidão de um paciente. Isso não tem preço. Nunca vou me esquecer o rosto desse senhor.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O importante é o RESULTADO

Ouvindo um desabafo na tarde de hoje tive a oportunidade de analisar um ponto de vista digamos...no mínimo interessante. Resolvi dividir com vocês para que cada um reflita no aconchego do seu lar.

Uma jovem senhora confessou que era triste por nunca ter exercido uma profissão. Segundo ela todas as vezes que alguém questionava seu oficio obrigando-a a responder “dona de casa” uma tristeza consumia seu coração. Tentando levantar o astral da Dona Josefa disse sorrindo:


- Mas a senhora dever ser uma excelente “dona de casa”!

Achei que ela ficaria se vangloriando por horas. Mas engano meu! Foi uma surpresa a resposta.

- Doutora, ninguém hoje em dia valoriza uma boa dona de casa não! Mas se a casa não estiver em ordem... ai sim você é crucificada!A senhora entende que existe uma grande diferença ai?

Permaneci calada apenas escutando atentamente.

- O que as pessoas cobram hoje Doutora é o resultado! Não quererem saber se foi você quem fez ou se você mandou fazer. Até porque... eu não sei se a senhora sabe... muita gente acha que dona de casa fica o dia inteiro em casa vendo televisão e quando chega no final da tarde bate palmas e a casa fica toda arrumadinha e perfumada como em um passe de mágica. Meu marido é assim sabe. Ele acha que não faço nada o dia inteiro. Que cuidar de casa não arranca suor do rosto, não faz calo na mão. E se eu falo que estou cansada ele fala: “Cansada de quê?? Você ficou em casa o dia inteiro!!”



Apenas balancei a cabeça afirmativamente.

- Então Doutora, eu sempre digo para as mocinhas que estão começando nessa vida de casado de novo sabe. O importante é o RESULTADO. Você tem que ser uma ótima administradora.... saber orientar bem quem irá fazer as coisas na sua casa. E ficar linda e perfumada para receber os elogios. Porque a responsável pelo processo jamais será lembrada e reconhecida..... então não queira ser essa pessoa (a “dona de casa”).

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Hoje..... ELAS exigem!


Acho bem interessante observar a mudança do comportamento sexual feminino em sua complexidade. È cada vez mais comum atender mulheres que buscam ajuda profissional questionando fatos em suas vidas conjugais que até então eram encarados como verdadeiros tabus. È cada vez maior o número de atendimentos que realizo com queixas de ausência de orgasmo em mulheres com vida sexual ativa considerável, sendo a maioria casadas. A mulher de hoje exige qualidade nas relações sexuais. Estão em busca do prazer. A mudança foi radical... e isso reflete nas consultas das formas mais variadas.

Essa semana mesmo meu consultório foi cenário de uma situação mega constrangedora. Era a terceira consulta do Sr. Adalberto... dessa vez ele veio com a esposa, Dona Lívia, uma moça bonita, com um sotaque característico da região nordeste.

Sr. Adalberto é um paciente de poucas palavras. Há um mês fez sua primeira consulta desejando apenas realizar exames de rotina, o famoso “check up”. Na segunda consulta retornou com os resultados sem nenhuma alteração, quando o paciente queixou de epigastralgia (dor de estômago) há alguns meses...,porem , havia esquecido de relatar na primeira consulta. E hoje ali estava o Sr. Adalberto e sua esposa com o resultado a E.D.A (endoscopia).

Enquanto fazia as perguntas de rotina notava que a esposa do paciente me observava atentamente com cara de quase nenhum amigo! Até aquele momento da consulta ela não havia dito uma palavra.

- Bom. Sr. Adalberto, o exame mostra uma gastrite leve. Vou prescrever a medicação e orientar quanto à dieta.

Nesse momento Dona Lívia resolve entrar em cena.

- Doutora, meu marido vem consultando com a senhora já tem um mês. Hoje eu vim aqui nessa consulta para saber a verdade. Vim saber o que esse homem tem. A senhora falou de uma tal de gastrite. Eu quero saber se esse negócio ai faz homem ficar brocha?! Num dar no couro! Me entende, Doutora?

Naquele momento, eu queria ter o poder de evaporar. Juro! Eu olhei para cara do Sr. Adalberto e o coitado estava do tamanho de uma formiga encolhido na poltrona e vermelho igual um tomate coitado. E a Dona Lívia lá... quase com uma peixeira na mão querendo uma resposta. O “corinho” do Sr. Adalberto naquele momento dependia de mim. Que saia justa, meu Deus!

- Dona Lívia, gastrite não! Mas a situação de estresse emocional sim. Existe paciente com mais dificuldade de encarar uma patologia, seja ela qual for. Ele vai tomar a medicação. Estou também prescrevendo uma boa vitamina. È uma fase. Tudo vai ficar bem.

Ela não respondeu mais nada. Mas aparentemente estava mais tranqüila.

O retorno é só daqui há 60 dias. Vamos ver o que vai acontecer.

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