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domingo, 26 de dezembro de 2010

De médico e de louco....todo mundo tem um pouco.


A Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde como: o estado de completo bem-estar físico, mental e social e não simplesmente a ausência de doença ou enfermidade.
Ou seja, de perto ninguém é saudável...risos.
Mas toquei nesse assunto para contar a estória de um paciente que atendi no ambulatório do SUS nessa semana de Natal.
Um jovem de 42 anos e uma aparência muito simpática. Era uma tarde bem quente e ele trajava uma blusa de frio. Quando entrou no consultório imaginei que o paciente estaria com alguma patologia que estivesse causando febre. Mas me enganei, pois a principio sua única queixa foi dores nas pernas.
Iniciei então as perguntas direcionadas para o caso. E ele foi relatando que sentia dores de tanto subir e descer escadas, pois há dois anos ele estava construindo sozinho uma república para alugar. E sempre repetia que não contava com a ajuda de ninguém na obra, pois ele sabia fazer todos os tipos de serviço necessário em uma construção. Comecei a achar estranho e perguntei:
- E o senhor já terminou a obra?
- Não! Tirei três meses de férias. Tem três meses que eu só durmo e corro na praça pra ver se minha perna melhora ou estraga de vez!
- Sei. E quem está na obra?
- Ninguém. Fechei com o cadeado.
- E suas pernas...há quanto tempo vem te incomodando?
- Tem pouco tempo. Mas eu vim aqui mesmo porque eu assisti uma reportagem na televisão que mostrava um vidrinho de células e dizia que era bom para as pernas. A senhora viu também?
- Sim.
- E a senhora pode me dar uma injeção daquelas células para minha perna ficar forte?
- Olha, aquelas células não tem para vender. São usadas pelos pesquisadores em estudos.
- Humm. E a senhora não tem nenhum amigo pesquisador que pode te emprestar um vidrinho para usar em mim? Eu volto aqui semana que vem e você faz a injeção.
- Olha, eu não me lembro de nenhum amigo pesquisador no momento.

Fez alguns segundos de silêncio e mudou de assunto.

- Doutora. Eu tenho também essas manchinhas aqui no meu braço (suspendeu a manga da blusa para mostrar). Já fui na Dermatologista, mas ela disse que só trata com laser. Nossa era caro demais o tratamento. Ai fui em uma loja e olhei o aparelho de laser para comprar.
- Você olhou o aparelho para comprar?

- Sim. Pensei em comprar o aparelho e me tratar em casa mesmo. Mas era caro demais, então desisti. Depois pensei que poderia comprar e tratar outras pessoas, mas lembrei que elas poderiam ter melanoma, né. Ai desisti novamente. Eu hein.... sei lá.... esse negócio de melanoma é perigoso.... “mela” tudo, né doutora. Depois vou sair por ai melando as pessoas.

E eu calada olhando para ele sem nenhuma reação.
Então ele rapidamente levanta da cadeira e diz:

- Então é isso, Doutora! Semana que vem eu volto para ver se você lembrou de algum amigo pesquisador. Eu quero o vidrinho de células, hein!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Segredo



Quem um dia já não ouviu alguém dizer que mulher não sabe guardar segredos????

Verdade ou mentira??? Juro que não vou me atrever a discutir essa questão aqui. Risos.

Mas esses dias atendi uma moça que conseguiu guardar um segredo por mais de 1 ano (segundo ela!).

Essa paciente contou que quando era criança chegou da escola e sentiu uma coceira no ouvido. Então, teve a idéia de confeccionar seu próprio cotonete. Utilizou um palito de fósforo e papel higiênico. Diz que foi uma delícia a “coceirinha”, mas.....o palitinho voltou sem o papel higiênico!!!!!!

Depois desse episódio passou a ter dor no ouvido que foi aumentando sua intensidade sendo associada a febre. Perguntei se ela não havia sido examinada por um médico durante esse tempo. Ela , então, me explicou que morava em uma área rural com acesso difícil a uma equipe de saúde.


Ela relatou que o ouvido, freqüentemente , escorria uma secreção horrível! Nessas ocasiões a mãe dela pingava azeite de mamona. Essa rotina foi realizada por um bom tempo até que um dia ela ficou muito ruim, com um lado do rosto “inchado” e com muita febre. Foi levada a cidade para uma consulta. Quando então, descobriram a proporção da infecção com necessidade de procedimento cirúrgico.

Ai, então, ela contou para mãe o que havia feito no passado.

Essa guarda segredo ou não?

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Presentes

Adoro ganhar presentes. Aliás quem não gosta,né?!

Considero que o mais importante no ato de presentear é a lembrança e a dedicação de alguns minutos do seu dia escolhendo algo para o homenageado.O presente é apenas um detalhe. Logo, sou extremamente fácil de ser agradada.

Já recebi vários presentes de pacientes. Quem mais me presenteia são as vovós. E o presente que mais recebo delas são panos de prato. Levam com muito carinho. Dizem que são para tampar os biscoitos.

Já ganhei muitas frutas também, geralmente a fruta da época mesmo...ai é aquela fartura! Bombons também chegam aos montes....e eu adoroooo!



..........O presente mais exótico foi um peixe. O paciente estava na porta do consultório me esperando com um peixe enorme embrulhado em uma sacola. Já tinha causado o maior rebuliço na unidade, pois todos estavam curiosos para ver minha reação. E mais...para saber se eu iria ficar com o peixe ou dar para algum funcionário (caso fosse em seguida para um plantão, segundo argumento deles!). Mas para decepção de todos eu levei o "bichão" para minha casa! Risos. Era um Tucunaré enorme que havia viajado uns bons Km para chegar naquele destinho....hehehhe

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Olindaaaaa


Hoje atendi um paciente antigo da casa. Sr. Floriano é uma figura impar do meu ambulatório. Já observei que ele tem audição seletiva, em outras palavras, “escuta o que é conveniente”! E isso sempre causa várias situações engraçadas. Uma delas aconteceu nessa tarde.

O atendimento ao Sr. Floriano já havia sido concluído. Uma prática muito comum no SUS é pedir ao paciente que acabou de ser atendido que anuncie em voz alta o nome do próximo a ser atendido. E isso é feito de forma muito tranqüila já que não temos um funcionário a nossa inteira disposição para organizar esse fluxo de pacientes.

Sr. Floriano já estava deixando o consultório quando olhou em minha direção. Eu acenei me despedindo e disse:

- Chame, por favor, a Olinda.

E para minha surpresa ele disse:

- Obrigado, doutora!!!

E saiu todo feliz e empoldado da sala. Eu não agüentei e fiquei rindo sozinha no consultório. De repente entra a Dona Olinda quase morrendo de rir, porque ela percebeu a confusão do Sr. Floriano. E terminou de trabalhar essa pérola toda na purpurina prata:

- Mas olha só , doutora. O velhinho bem achou que a senhora o chamou de lindo!

E rindo conclui.

- Viu só o que o nome da senhora provocou!

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O importante é o RESULTADO

Ouvindo um desabafo na tarde de hoje tive a oportunidade de analisar um ponto de vista digamos...no mínimo interessante. Resolvi dividir com vocês para que cada um reflita no aconchego do seu lar.

Uma jovem senhora confessou que era triste por nunca ter exercido uma profissão. Segundo ela todas as vezes que alguém questionava seu oficio obrigando-a a responder “dona de casa” uma tristeza consumia seu coração. Tentando levantar o astral da Dona Josefa disse sorrindo:


- Mas a senhora dever ser uma excelente “dona de casa”!

Achei que ela ficaria se vangloriando por horas. Mas engano meu! Foi uma surpresa a resposta.

- Doutora, ninguém hoje em dia valoriza uma boa dona de casa não! Mas se a casa não estiver em ordem... ai sim você é crucificada!A senhora entende que existe uma grande diferença ai?

Permaneci calada apenas escutando atentamente.

- O que as pessoas cobram hoje Doutora é o resultado! Não quererem saber se foi você quem fez ou se você mandou fazer. Até porque... eu não sei se a senhora sabe... muita gente acha que dona de casa fica o dia inteiro em casa vendo televisão e quando chega no final da tarde bate palmas e a casa fica toda arrumadinha e perfumada como em um passe de mágica. Meu marido é assim sabe. Ele acha que não faço nada o dia inteiro. Que cuidar de casa não arranca suor do rosto, não faz calo na mão. E se eu falo que estou cansada ele fala: “Cansada de quê?? Você ficou em casa o dia inteiro!!”



Apenas balancei a cabeça afirmativamente.

- Então Doutora, eu sempre digo para as mocinhas que estão começando nessa vida de casado de novo sabe. O importante é o RESULTADO. Você tem que ser uma ótima administradora.... saber orientar bem quem irá fazer as coisas na sua casa. E ficar linda e perfumada para receber os elogios. Porque a responsável pelo processo jamais será lembrada e reconhecida..... então não queira ser essa pessoa (a “dona de casa”).

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Hoje..... ELAS exigem!


Acho bem interessante observar a mudança do comportamento sexual feminino em sua complexidade. È cada vez mais comum atender mulheres que buscam ajuda profissional questionando fatos em suas vidas conjugais que até então eram encarados como verdadeiros tabus. È cada vez maior o número de atendimentos que realizo com queixas de ausência de orgasmo em mulheres com vida sexual ativa considerável, sendo a maioria casadas. A mulher de hoje exige qualidade nas relações sexuais. Estão em busca do prazer. A mudança foi radical... e isso reflete nas consultas das formas mais variadas.

Essa semana mesmo meu consultório foi cenário de uma situação mega constrangedora. Era a terceira consulta do Sr. Adalberto... dessa vez ele veio com a esposa, Dona Lívia, uma moça bonita, com um sotaque característico da região nordeste.

Sr. Adalberto é um paciente de poucas palavras. Há um mês fez sua primeira consulta desejando apenas realizar exames de rotina, o famoso “check up”. Na segunda consulta retornou com os resultados sem nenhuma alteração, quando o paciente queixou de epigastralgia (dor de estômago) há alguns meses...,porem , havia esquecido de relatar na primeira consulta. E hoje ali estava o Sr. Adalberto e sua esposa com o resultado a E.D.A (endoscopia).

Enquanto fazia as perguntas de rotina notava que a esposa do paciente me observava atentamente com cara de quase nenhum amigo! Até aquele momento da consulta ela não havia dito uma palavra.

- Bom. Sr. Adalberto, o exame mostra uma gastrite leve. Vou prescrever a medicação e orientar quanto à dieta.

Nesse momento Dona Lívia resolve entrar em cena.

- Doutora, meu marido vem consultando com a senhora já tem um mês. Hoje eu vim aqui nessa consulta para saber a verdade. Vim saber o que esse homem tem. A senhora falou de uma tal de gastrite. Eu quero saber se esse negócio ai faz homem ficar brocha?! Num dar no couro! Me entende, Doutora?

Naquele momento, eu queria ter o poder de evaporar. Juro! Eu olhei para cara do Sr. Adalberto e o coitado estava do tamanho de uma formiga encolhido na poltrona e vermelho igual um tomate coitado. E a Dona Lívia lá... quase com uma peixeira na mão querendo uma resposta. O “corinho” do Sr. Adalberto naquele momento dependia de mim. Que saia justa, meu Deus!

- Dona Lívia, gastrite não! Mas a situação de estresse emocional sim. Existe paciente com mais dificuldade de encarar uma patologia, seja ela qual for. Ele vai tomar a medicação. Estou também prescrevendo uma boa vitamina. È uma fase. Tudo vai ficar bem.

Ela não respondeu mais nada. Mas aparentemente estava mais tranqüila.

O retorno é só daqui há 60 dias. Vamos ver o que vai acontecer.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Cerveja, futebol e sexo!


Certa vez, enquanto repousava o esqueleto durante um intervalo de almoço em um plantão, escutei através da janelinha do quarto de repouso médico dois pacientes conversando animadamente na calçada do hospital . Um deles disse:

- Camarada, você conhece o nome e sobrenome da felicidade?

Achei estranha a pergunta. E na minha cabeça romântica de mulher... por alguns segundos imaginei que ele estava apaixonado e falaria o nome da amada e em seguida comentaria algo sobre sua deusa com o amigo. Engano meu. Ele disse:

- Cerveja, futebol e sexo!

Depois dessa resposta eu até desisti do meu direito a alguns minutos de cochilo. Fiquei curiosa para ouvir o resto da prosa.

- Não precisamos de mais nada para movimentar a vida! A cerveja é o combustível, o futebol é o acessório e o sexo, esse sim é um equipamento obrigatório. O resto é complemento meu chapa. De boa!Na tranquilidade. (risadas)

Ai ai... ainda bem que uma parede me tornava invisível naquele momento.Agradeci a Deus pelos meus dois ouvidos! Risos. Melhor ter os dois funcionando, mesmo às vezes algumas pessoas achando que são pinicos do que o contrário né!

Voltei para minha siesta.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Nomes EXÒTICOS




Muito antes de surgir a idéia de fazer esse blog eu já contava minhas pérolas em algumas oportunidades. E como eu já comentei, isso sempre provocou risos entre os amigos durante refeições.... entre colegas da profissão durante um cafezinho.... MAS...ninguém nunca curtiu tanto as minhas pérolas como a minha “Siriguelinha”.

Ela sim é minha fã número 1!!!! Uma amiga impar que surgiu em minha vida em um momento especial e encantador. Esse apelidinho carinhoso é porque ela é apaixonada por siriguela. Mas o fato é que esses dias “Dona Siriguelinha” me pediu para escrever uma pérola que ela amaaaaa!!!! Mas infelizmente não vou poder atender ao pedido (por completo....como eu conto ao vivo e com todas as cores, risos)!

Sorry! È porque a pérola é sobre a origem do nome de uma paciente.

Aliás... se eu fosse escrever pérolas sobre nomes EXÒTICOS de pacientes....acho que todos os dias eu chegaria aqui com uma novidade. Eu tenho inúmeros exemplos, mas não posso contar.

Bom, eu não posso dizer o nome com todas as letrinhas...hehhehehehe
Mas vou contar mais ou menos a historinha.... ai cada um fica ai imaginando qual é o nome!

Eu peguei o prontuário para chamar a paciente para realizar a consulta e não consegui ler o nome, então perguntei:

- Qual o seu nome?

E a moça disse. Mas mesmo assim ficou na mesma. Um nome muito estranho. Sem nenhum sentido. E como eu tenho por hábito perguntar a todos os meus pacientes que são abençoados pelos seus pais com esses nomes “exóticos” a origem (motivo) do nome, assim eu fiz. Só que nessa ocasião a mãe estava acompanhando a moça e sorrindo respondeu:

- Doutora, eu trabalhava na casa de um patrão muito granfino. E ficava por horas passando aquelas camisas bonitonas dele. Ai eu via que tinha escrita em muitas três palavrinhas que eu achava lindo. E imaginei que deveria ser muito dos importante né. Ai eu anotei em um papel as três palavrinhas bem juntinhas e guardei para colocar em uma filha mulher minha.

Ai a minha ficha caiu!
E espero que a de vocês também!
Conto o milagre, MAS NUNCA o santo!

sábado, 17 de julho de 2010

O segredo: é no dente!!!!


“Sr.Clovis”¹ na primeira consulta queria apenas saber como estava sua “teimosa pressão”. Esse paciente entra na minha lista de pacientes bem humorados que tornam o meu atendimento um presente de Deus. E assim a cada dia eu amo mais a minha profissão!

Aferi a pressão do Sr Clovis que, na verdade, precisou apenas de mais um ajuste para chegar ao alvo desejado. Agendei seu retorno para verificar se o objetivo foi atingido. Após o tempo determinado Sr. Clovis compareceu com sua pontualidade britânica para sua segunda consulta:

- Então Sr. Clovis, usou a medicação conforme combinamos?
- Sim senhora!
- Então vamos conferir se conseguimos nosso objetivo.

Meta atingida! Sr. Clovis, se sentindo mais desinibido, desejava abordar outro assunto também:

- Sabe Doutora, com a pressão então ficou tudo tranquilo, né. Mas vou ser franco com a senhora.
- Pode falar, Sr Clovis.
- A senhora sabe que eu não sou mais um garotão. Já passei dos 60 anos. Mas ainda gosto de jogar uma bolinha com a patroa. A senhora me entende né?
- Sim senhor.

Nesse momento, eu abandonei a caneta, o prontuário e busquei uma posição mais confortável na cadeira. Senti que era hora de ser mais amiga do que médica.

- Então! Com esse negócio de idade... “juntado” com esse negócio de pressão e outras coisas que agente vai carregando ai com o passar das primaveras. Sabe, né?
- Sei sim senhor.
- Então! Fica difícil bater bolinha ao natural. De ser feliz! De agradar a velhinha lá de casa. A senhora entende Doutora?
- Entendo sim senhor.
- Como minha grana é curta...eu não consigo comprar o “azulzinho” ². Então, resolvi comprar o “genérico lá da terra das muambas". Tem um rapaz que vende lá onde eu trabalho. O que a senhora acha disso?
- Olha esse “genérico”³ não tem registro na ANVISA. Ou seja, além das implicações legais que o senhor já deve ter ouvido falar por ai... existe também o fato de ninguém garantir o que contem no comprimido, a qualidade do mesmo. E as conseqüências que o uso pode provocar no organismo.
- Sei. Olha Doutora. Eu não entendo esse negócio de ANVISA não viu. Mas a única coisa que eu sei é que ele funciona que é uma beleza!!!! E tem um segredo!
- Qual o segredo?
- Partir o comprimido ao meio para tomar. Mas não é com a mão ou com a faca não! È assim ó: no dente! Assim garante o produto!!!! E a felicidade é geral!!

Rimos bastante e continuamos as explicações sobre o tal “genérico”.


OBS:
¹ Lembrando: A identidade de nenhum paciente é revelada por questões de ética profissional (todos os nomes são alterados).
² Medicamento para disfunção erétil. Mesmo o mundo sabendo o nome comercial ® do “ azulzinho” eu não vou citar aqui...hehhehe. Afinal, eles já estão ricos demais. Não precisam da minha propaganda.
³ Usei essa expressão “genérico” para evitar o uso do nome real da medicação que o paciente desejou fazer referência. Não é o que está sendo comercializado no Brasil após o vencimento da patente do Azulzinho nao....é outrooo!

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Eles balançam...


Hoje atendi uma jovem senhora super simpática. Adoro receber pacientes bem humorados. Assim o meu dia fica mais ameno.

Era um caso de Litíase Renal bilateral (“pedra nos rins). Um quadro recorrente, com cirurgia prévia e já algumas complicações em evidências. Mas mesmo assim “Dona Márcia” mantinha seu bom humor. Fez uma pergunta:

- Doutora, rim mexe?
- Não, Dona Márcia.

Ela me lançou um olhar de indignação. E continuou:

- Olha, Doutora....os meus mexem sim! Eles balançam!

Resolvi entender o que ela estava tentando me dizer.

- Mas balançam todos os dias?
- Não, às vezes.
- E quando balançam se colocar a mão consegue sentir?
- Não!
- Faz algum barulho?
- Não!

E sorrindo ela disse:
- Mas se fizesse acho que seria: Socorro! Socorro!


E continuou:
- Doutora, quando eu fiz a cirurgia no rim esquerdo o médico disse que eu tinha o rim “de veado”. Ai eu fiquei encabulada, sabe. Nunca ouvi falar que ninguém tinha rim “de veado”. No outro dia depois da cirurgia eu tive que perguntar sobre esse negócio de rim “de veado”.
- E o que ele disse?
- Disse que não era: “de veado”!!! O bicho, entende? Risos! Que era um pouco torto, desviado! Mas a senhora viu ai na ultrassonografia se ele ainda é desviado?

E aproveitando o clima descontraído eu respondi:
- Não é não! Acho que de tanto balançar...desentortou!

sábado, 3 de julho de 2010

Lista de Espera


Essa história tinha tudo para virar um caso de policia, mas achei melhor transformá-la em uma pérola. Na verdade esse episódio ocorreu em 2009. Não pretendia dedicar um espaço no meu blog para contar coisas dessa natureza. Mas essa semana aconteceu o desfecho desse caso de uma forma tão surpreendente e inesperada por mim que eu acho que vai ser interessante contar como uma lição de vida...e também para mostrar que nem tudo são flores na nossa profissão. Afinal...toda flor tem seu espinho!

Bom, final de 2009 eu fui agredida por uma paciente. Já era quase o final do meu expediente e essa paciente entrou na minha sala gritando comigo dizendo que eu estava privilegiando pessoas e deixando o atendimento dela por ultimo só para prejudicá-la. Com toda calma eu tentei mostrar que havia uma lista no computador com a seqüência de atendimento por ordem de chegada e que essa ordem não poderia ser alterada por mim. Mas inconformada...foi aumentando o tom de voz e ficando cada vez mais agitada. Até que bateu as mãos na minha mesa, pegou todos os meus carimbos e arremessou contra minha cabeça, derrubou minha mesa no chão, veio na minha direção puxou meu jaleco e armou a mão para dar um murro....mas desistiu e saiu me xingando de “santa a rapadura”.

Todas as medidas judiciais foram tomadas, mas esse não é o foco da pérola.

Depois desse episódio eu desenvolvi um método para organizar meu atendimento. Eu já até comentei aqui no blog na Pérola “Um tapinha dói sim”. È uma lista com os nomes na ordem em que será realizado o atendimento...que fica colada na porta pelo lado de fora. Todos os dias eu faço esse ritual! Esse método deu certo, os pacientes ficam mais calmos, pois sabem exatamente sua posição na fila de espera.

Mas o motivo que me fez despertar o desejo de contar essa pérola foi que durante todos esses meses, todos os dias ao fazer essa lista eu procurava o nome da tal paciente que me agrediu. Isso mesmo... eu nunca me esqueci o nome dela!!!! Nome e sobrenome! Mesmo acreditando que a possibilidade dela voltar a consultar comigo era remota (na minha opinião)...eu observava todos os dias se o nome dela estava na lista!

E.... para minha surpresa (ruim...pq aprendi que nem toda surpresa nessa vida é boa) e espanto.... essa semana o nome da “Amy Winehouse ”estava na lista. Consultei os arquivos do computador para conferir com o dia da agressão: era ela! Fui até a recepção para reconhecer a “carinha” dela: positivo. Voltei para o consultório pensativa sobre qual conduta adotar: passar o caso para um colega? Atender a paciente e fazer que não lembrava de nada?

Deixei os policiais da unidade em alerta e comecei o atendimento do dia. Ela era a 14° paciente. Quando chegou o momento, respirei fundo e chamei! Notei que ela entrou armada, querendo descobrir se eu lembrava ou não do episódio. Fui profissional. Atendi com toda atenção que dedico a qualquer paciente. Nisso ela foi relaxando, se sentindo dona do pedaço. Pediu para aferir pressão, pediu para fazer o tal check up...mas nunca imaginava que eu já estava ali com a ficha completa dela! Acabou a consulta. E eu perguntei:

- Eu posso te ajudar em mais alguma coisa?
- Não.
- Então eu gostaria de te fazer uma pergunta. Você viu aquela lista lá fora com os nomes na ordem em que será realizado o atendimento?
-Sim.
-Você gostou dela?
- Sim.
- Então, eu hoje queria te agradecer por uma coisa. Por você ter me agredido ano passado!

Nesse momento eu queria que tivesse uma câmera naquele consultório, porque eu não me conformo de ter sido a única pessoa a ter visto a cara que ela fez!!!!! E prossegui:

- Te agradecer, porque foi depois da sua agressão que surgiu a minha idéia de criar essa lista de espera. E através dessa lista eu sou conhecida e recebo inúmeros elogios tanto dos meus pacientes quanto da direção dessa unidade de saúde. Eu queria te dizer muito obrigada.

Eu acho que ela não volta mais para mostrar os resultados dos exames. Mas se voltar espero que tenha pelo menos amadurecido um pouco com tudo isso.

OBS: A ilustração representa meu estado de espirito com o "the end". E também para deixar o ambiente mais light, porque essa pérola foi tensa, aff

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Tabagismo x Parque de Diversão


Sabe aquelas imagens de advertência que ilustram as embalagens de cigarro?

São várias fotos utilizadas: uma boca e um pulmão tomados pelo câncer, um feto abortado, uma perna necrosada, além de rato e baratas mortos por arsênico e naftalina, substâncias presentes no cigarro. Todas com o fundo de cor preta e com os seguintes alertas:

"Este produto contém mais de 4.700 substâncias tóxicas, e nicotina que causa dependência física ou psíquica. Não existem níveis seguros para consumo dessas substâncias".

"Venda proibida a menores de 18 anos - Lei 8.069/1990 e Lei 10.702/2003".

Disque Pare de Fumar (0800 703 7033).

Bom, mas o fato é que consultei um paciente tabagista que confessou que ao comprar o cigarrinho de todos os dias...se o vendedor entrega um maço com a imagem acima ele pede para trocar por outro. Então eu questionei o motivo, e ele respondeu:

- Doutora, olha esse cigarrinho ai todo caidinho e ainda me dizendo que causa impotência sexual. De jeito nenhum! Eu prefiro ter câncer, perder uma perna...mas sem meu parquinho de diversão eu não fico não!!!!!

E a consulta continuou com uma longa conversa.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Um tapinha dói SIM!!!!


Essa aqui nem é tão engraçada, mas me matou de raiva...imaginem a cena!!!!!!!!!!!!

Ontem eu cheguei uns 10 minutos atrasada para o atendimento. Inicio sempre pelos idosos como manda a legislação. E para variar eles me amam!!!! Acho que tenho açúcar, não pode!!!!

Sempre chego...coloco as fichas na ordem: pacientes especiais (deficientes),idosos, gestantes, etc...Faço uma lista com os nomes na ordem em que será realizado o atendimento e colo na porta pelo lado de fora. Todos os dias esse ritual!Criei esse método e deu certo, os pacientes ficam mais calmos, pois sabem exatemente sua posição na fila de espera.

E assim fiz ontem. Quando chamei a primeira idosa... lá veio ela! Me virei para colar a tal folhilha na porta e escuto a seguinte pérola:

-Demorou, mas até que enfim chegou né!!!!

Nossa eu nem me virei!!! Pensei...hohohoho velhinha abusada!!!!
E ela continuou!!!!

-Vovó não gosta de ficar esperando não! Fico muito brava! Vou bater na bundinha da netinha!

Quando vejo só sinto dois tapas na minha bunda!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Na frente do Cais INTEIRO!!!! Todo mundo viu essa cena!

Eu não falei uma palavra!!! Fechei a cara! Falei para ela sentar e apenas disse....bemmmmm séria!!

-Em que posso te ajudar?

Aff Afff Affff mil vezes AFFFFFFFF. È assim que eu garanto meu passaporte para o céu!!!!!!

terça-feira, 15 de junho de 2010

A Dançarina


Estava diante de uma jovem moça. Se eu fechar meus olhos nesse momento consigo relembrar exatamente até a roupa que ela trajava no dia da consulta. Não que isso seja uma rotina. Mas vocês vão entender agora o que me fez memorizar que minha paciente naquela tarde vestia uma bermuda jeans com regata branca e tennis. Vamos então a Pérola da Dançarina.

Bom, a queixa da paciente era apenas de dor nos joelhos. Então iniciei a investigação:

- Qual a sua profissão? (para saber se havia sobrecarga no membro no cotidiano)

- Sou dançarina de Striptease.

Eu levantei os olhos e não tive tempo de dizer uma única palavra.
Para minha surpresa.... a paciente levantou da cadeira e começou a dançar no consultório e dizia:

-Eu danço assim ó Doutora. Mexo pra lá, pra cá. Dou essa viradinha. Subo, desço. Rebolo.glitters


E eu parada olhando aquela cena, sem reação!!!! E ela dançando e continuando a falar. E eu pensando: algum propósito deve ter essa dança, meu Deus! E ela dançando e falando...:

- Ai eu volto a rebolar. E o cliente aqui embaixo de mim, Doutora!

E eu apenas olhando e balançado a cabeça em sinal de afirmação, mas sem acreditar na cena!!!! Até que escuto um “ai”!!!

- AI!!! È nessa posição aqui, Doutora! Ajoelhada, com o cliente no meio, entende? Que dói!

Então, ela sentou na cadeira e perguntou:

- Entendeu quando dói?

E eu pensei! Nossa... essa dança toda pra dizer que o joelho dói quando ela ajoelha! Mas tudo bem, cada um tem sua maneira particular para se expressar. O importante é se fazer entendido. Solicitei os exames, prescrevi a medicação. E quando ela levantou para se retirar do consultório terminou de “trabalhar a pérola toda na purpurina brenda bronze”!!!

- Mas quando eu danço pra casal dói bem mais, viu Doutora!

E eu ,novamente, apenas balanço a cabeça em sinal de afirmação.
Nem me atrevi a questionar o motivo...rsrrsrs

domingo, 6 de junho de 2010

Hotel???

A primeira pérola que eu escolhi para dividir com vocês...não foi pela sua comicidade (eu acho!)..., mas pela sua “autora” (paciente) ser muito cativante. Então vou fazer essa homenagem.
O “povo” tem mesmo a mente fértil... quando você imagina que já escutou de tudo... surge alguém para provar exatamente o contrário. E dessa criatividade nasce minhas pérolas!
Bem... nesse dia eu estava finalizando os procedimentos básicos necessários (entenda: uma papelada sem fim!!) de uma paciente que seria submetida a uma cirurgia eletiva (programada com antecedência para sua realização) quando escuto a seguinte pérola:
- Doutora, eu pensei muito antes de fazer essa pergunta. Estou com vergonha. Mas vou ter que perguntar.
- Tudo bem, fique tranqüila. Pode perguntar o que desejar!
- Eu gostaria de saber se Hospital é igual Hotel?! Tem diária que vence meio dia? Porque minha cirurgia é só à noite, se for igual hotel melhor mudar esse horário para não gastar uma diária!
Lógico que eu pensei: ninguém é obrigado a saber isso, né! E respondi:
- Olha, não é como hotel.
E comecei a explicar calmamente como funcionava uma internação... todos os detalhes, já que a paciente estava ansiosa com o fato de ter que se apresentar no hospital 5 horas antes do horário marcado para sua cirurgia. Expliquei os motivos. E então, ela encerra a conversa “trabalhando a pérola toda na purpurina”!
- Mas Dra, nem em hospital particular chique funciona como hotel? A diária não vence meio dia?
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